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Arquitetos: TACO Taller de Arquitectura Contextual
- Área: 330 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Fabián Martínez, Jasson Rodríguez
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Fabricantes: Cemex, Predeco, STEVEZ, Tecnolite, URREA
Descrição enviada pela equipe de projeto. Galopina é uma hospedaria imersa em uma terra selvagem que já pertenceu a uma fazenda Henequen dentro da Reserva Geo-hidrológica Estatal Anel Cenotes, em Yucatan, México. Seu objetivo é oferecer um alojamento acolhedor, único e despretensioso onde os hóspedes possam ter uma experiência de encontro com a natureza e a cultura local através da arquitetura.
O processo de projeto começou a partir da opção pelo terreno. A localização foi escolhida graças a sua acessibilidade a diferentes pontos de interesse consolidados e sua conectividade com Mérida. Tendo uma ideia clara da área, visitamos alguns terrenos disponíveis e, no final, escolhemos um dos 7 hectares de área que visitamos em sua totalidade para descobrir suas particularidades. Neste passeio identificamos que se tratava de uma antiga plantação de sisal, que pertencia a Hacienda Yabucú. Apesar de ser uma terra praticamente cheia de floresta, descobrimos os marcadores de pedra que formavam uma trama de 20x20 metros, que correspondiam a cada trabalhador da fazenda.
Da mesma forma, também foi detectado o caminho pelo qual circulava o "truc" que recolhia os galhos de sisal. Este percurso atravessa exatamente a metade do terreno de leste a oeste, dividindo-o em zona norte e zona sul. Exatamente no meio deste caminho, encontramos uma colina de "sascab", que decidimos utilizar para a implantação do projeto, devido às possibilidades espaciais que ele poderia nos oferecer e pelo fato de que representava um elemento diferencial em relação a outras hospedarias da região.
Nesse limite foram escolhidas 32 linhas da retícula acima mencionada, estabelecendo uma forma de 40x80 metros, que foram limpas de mato, deixando apenas as árvores, cujas posições foram estudadas para ajudar no processo de definição da localização dos edifícios que fariam parte do programa. O resto da terra foi deixado em estado selvagem. A casa principal foi localizada no lado sul, a partir do qual a propriedade é acessada. Ela contempla as áreas sociais como a cozinha, sala de jantar, sala de estar e terraço; o quarto principal e a área de apoio e serviço.
Na encosta sul do terreno inclinado está a piscina, definida por um muro de contenção do qual também se sobe para atravessar uma ponte que liga ao lado norte, onde estão os quartos de hóspedes, dois dos quais estão embutidos nas encostas do morro, que têm uma relação evidente com a terra à maneira das cavernas, e dois no topo do morro, dos quais se tem uma vista panorâmica da paisagem circundante. Todos os quartos têm as proporções da Casa Maia, mas com distribuições adaptadas à particularidade de suas orientações.
A volumetria é de formas geométricas fortes com a intenção de deixar claro que se trata de uma intervenção humana, proporcionando uma sensação de abrigo dentro da paisagem selvagem. Os materiais e acabamentos são bastante simples e comuns. Eles foram escolhidos por sua capacidade de reforçar um senso de lugar, e de envelhecer com dignidade.
Tudo isso foi implementado com técnicas e materiais locais, tais como pisos de concreto, pintura com cal, estuque polido, alvenaria de pedra, entre outros. As lajes foram deixadas aparentes em sua totalidade, indicando o sistema de construção da cobertura em cada espaço, composto tanto por vigas e abóbadas, quanto de peças fundidas de concreto armado. As portas e janelas combinam o aço com encapsulador de ferrugem, madeira de cedro natural, elementos vazados de concreto com rede mosquiteira e vidro (transparente e serigrafado).
Galopina é um edifício que, além de ser um lar, consegue consolidar uma filosofia de vida sustentável através de um conceito de hospitalidade doméstica que se integra ao seu entorno. Este projeto demonstra que a arquitetura tem a capacidade de transcender seu ofício e tornar-se um elemento chave para o desenvolvimento integral de uma família.